domingo, 23 de fevereiro de 2014

La grande bellezza

Não tenho certeza se minhas raízes italianas foram determinantes ou se muito do que vi e me tocou é realmente belo no filme A grande beleza.
Um coral cantando magistralmente dentro de um maravilhoso e milenar cenário que fez da morte, ocorrida bem próximo dele, um detalhe em segundo plano...
A vista do terraço do protagonista, sendo nada mais nada menos que o Coliseu, quase podendo ser tocado (exagerando italianamente)...
Ruas tranquilas de Roma, à noite...
Arquitetura, monumentos lindos pela cidade...
Músicos e instrumentos clássicos tocando junto com um som mecânico coordenado por uma DJ...
Uma vida meio tediosa, mas tranquila, digamos assim, de um escritor vivendo na alta sociedade e que diz que já tem idade suficiente para não ter de fazer algo contra sua vontade, num momento de sabedoria e confiança. Inspirador... (Há outras conversas interessantes no decorrer...)
Sem querer contar mais do filme, é bom vê-lo com olhos de quem vai a uma exposição de obras de arte. Pronto para ser surpreendido tanto positiva quanto negativamente. (Também há umas loucuras no filme.)
Para mim, que vi por causa do passeio por Roma, saí com o sentimento de ter feito o que tinha de fazer: ido ao cinema e ter visto esta obra que está concorrendo ao Oscar 2014 como melhor longa estrangeiro.

A foto acima é de uma das grandes belezas que conheci: o Convento de Cristo.
Aqui uma publicação de 2011, em que conto como foi aquele meu dia: http://escritosgreice.blogspot.com.br/2011/04/ferias-2010-decimo-quarto-dia.html

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

R.I.P, Nico

Não lembro ao certo quantas vezes (algo em torno de três ou quatro) vi o espetáculo, nem quando foi, nem quem estava junto em todas elas.
Lembro que em uma delas estava chovendo. (Isto é relevante, pois grande parte do show era do lado de fora do teatro.)
E tenho certeza absoluta que adorei Tangos e Tragédias desde a primeira vez que vi!

Era normal, para quem mora aqui em Porto Alegre - RS, um diálogo assim:
"Já viste o Tangos?"
"Já." (com um sorriso no rosto)
"Quantas vezes?"
E daí vinha a resposta que podia ir de uma a muitas! Anualmente eles se apresentavam, por uma temporada, no Theatro São Pedro de Porto Alegre, mas, além disto, faziam apresentações em empresas, outras cidades, outros países.
Sendo assim, as pessoas podiam tê-los assistido em lugares diversos, mais de uma vez.
Estavam completando 30 anos de sucesso este ano.

No palco, via de regra, eram só os talentosos Hique Gomez e Nico Nicolaiewsky. Gaúchos que aprendemos a amar, com facilidade, diante das performances, da alegria que nos proporcionavam, dos improvisos, das brincadeiras e até mesmo dos trabalhos individuais que tinham.

Infelizmente, estou me referindo a eles e ao Tangos e Tragédias no passado, pois no dia 07/02/14 o Nico morreu.
Dias antes descobriu, por acaso, uma leucemia e acabou não resistindo a isto e ao tratamento feito.
A notícia surpreendeu. Ninguém que conheço imaginava que ele não iria se recuperar. Nem pensávamos nesta hipótese...
Acabou a dupla, as histórias da Sbórnia (país fictício criado para o Tangos), silenciou o piano e o acordeon (que ele tocava), entristecemos com a perda.

Quem nunca viu o espetáculo não vai sentir saudade, pois não tem noção do que não viu.
Quem viu...terá de se contentar com as lembranças. (E ainda bem que as temos.) É o que resta aos que esqueceram que a vida é mutável e que o que está disponível agora pode não estar mais no instante seguinte.

Obs.: a foto foi tirada por mim, como paparazzi, em pleno Palácio da Pena - Sintra - Portugal. Em 2010. Ele é o que está com a camisa xadrez. E fiquei muito feliz por ele estar lá!
Mais detalhes deste dia no meu post antigo: http://escritosgreice.blogspot.com.br/2011_03_01_archive.html